Os transtornos de ansiedade em crianças e jovens são mais comuns do que imaginamos, muitas vezes normalizamos comportamentos como, por exemplo, o de roer as unhas, morder o cabelo, cutucar a boca, morder os lábios, mas todas essas manias geralmente são indícios de ansiedade. Diante disso, não adianta brigar ou insistir para que a criança tire a mão da boca, é necessário identificar e tratar a ansiedade por trás do comportamento.
Os transtornos de ansiedade constituem a maior causa de problemas de saúde mental durante a infância e podem causar um efeito significativo no funcionamento diário e impactar na trajetória do desenvolvimento, interferindo na capacidade de aprendizagem, no desenvolvimento de amizades, nas relações familiares e até nos momentos de lazer. Na maioria dos casos esses transtornos são persistentes e se não forem tratados. aumentam a probabilidade de problemas na idade adulta.
Mas o que é ansiedade?
Ansiedade é uma emoção inata, que consiste em uma resposta fisiológica do organismo a algum estímulo considerado ameaçador, ou seja, é uma reação automática, necessária e imediata ao perigo.
Sendo assim, podemos dizer, que de alguma forma, serve para nossa proteção. O problema é que se não houver um equilíbrio no uso dessa emoção, ela passa a atrapalhar ao invés de ajudar.
Um dos principais componentes da ansiedade é a preocupação, sendo as mais frequentes entre as crianças as preocupações que se relacionam com a escola, saúde e amizades. Nas crianças as preocupações são comuns e fazem parte do desenvolvimento normal. O que se torna problemático, porém, é quando esses temores e Preocupações se tornam persistentes, graves e incapacitantes, interferindo ou limitando a vida e o funcionamento diário da criança.
Neste caso é possível observar sintomas físicos como dor de cabeça, desconforto gástrico, dormência, dor no peito, dificuldade para respirar, palpitação; sintomas cognitivos como confusão mental, “branco” (esquecimento); pensamentos antecipatórios, catastrofização; e sintomas comportamentais como evitar lugares, pessoas ou situações que gerem ansiedade, procrastinação, desânimo, irritabilidade, rituais e manias.
Há vários fatores que influenciam no desenvolvimento dos transtornos de ansiedade na infância: influências genéticas, fatores de temperamento e influências ambientais.
Por isso, é importante observar o comportamento do seu filho: teve alguma mudança na rotina recentemente? As mudanças geram incertezas e as incertezas geram ansiedade.
Num contexto geral, a pandemia da Covid-19 trouxe para as crianças e adultos mudanças intensas na rotina, o que pode impactar negativamente a saúde mental.
O retorno às aulas presenciais veio acompanhado de um misto de emoções, alguns vivenciam a alegria do reencontro com os colegas, outros o medo de não ser aceito pelo grupo, de não conseguir iniciar ou manter uma conversa “ao vivo”, sem ser através do uso de aplicativos ou eletrônicos.
Por isso, a observação atenta por parte dos adultos é fundamental.
Deixo aqui no final para concluir, algumas dicas para diminuir a ansiedade do seu filho:
- Diminua a exposição às telas;
- Determine um momento do dia para ficar alguns instantes com seu filho sem o celular, tablet ou TV por perto;
- Cuide para que seu filho tenha uma rotina com ritmo;
- Evite a educação autoritária, o medo gera muita ansiedade na criança;
ESCRITO POR
Letícia Mendes de Barros
Psicóloga - CRP 06/126857
- Graduada pela Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF
- Especialista em Terapia Cognitiva Comportamental